sexta-feira, 28 de junho de 2013

das asas


um abrandamento dos passos ao mesmo tempo que o coração acelera. é um fenómeno, está a perceber? como se tivesse uma parede muito forte, muito resistente, uma película que não poderei chamar pele nem músculo nem membrana. é qualquer coisa inominável. atravessa sem atravessar? não sai do peito saindo. e lá estou eu às voltas de um coração que também rodopia. um abrandamento dos passos enquanto o mundo se amplia. enquanto as asas dos pássaros se abrem ou enquanto um casal de andorinhas se prepara para dormir no fio do terraço daquela casa. e há pássaros que abrem as suas asas mas parece que mais ninguém repara. o calor é tanto que as árvores são invadidas de grilos em histeria durante a luz do dia e discretos vão invadindo depois o silêncio da noite-das casas. electricidade no ar. os passos abrandam ao mesmo tempo que abranda ligeiramente o dia: a luz abre. o sol despede-se a cada dia um pouco mais tarde um pouco mais cedo. e eu atravesso. e vou de mãos dadas. quem disse que o verão não chegava?

Sem comentários:

Enviar um comentário