sexta-feira, 12 de setembro de 2014

da quebra



a chuva é metáfora feroz. copo meio cheio meio vazio. qual é a hora certa, a hora de ir embora? a tempestade anuncia o outono e a quebra. o cabelo enfraquece em solidariedade com as folhas. o vento acorda-nos. parece que já não sinto nada. há um vazio que um dia explodirá de estar tão cheio esse vazio. tão cheio de culpa. e continuo a pensar que dar é receber. dar é receber. e é. e a minha entrega é inteira, sempre o foi. em tudo. mas o amor, ai o amor. tanto que ouvi dizer. que já ouvi dizer e tão pouco que sei. de tanto que sinto. venho explodir para a escrita. quero tirar isto de dentro. copo meio cheio meio vazio consoante as gotas de chuva. e tenho medo de quê? temos medo de quê? life is so short. a vida é um sopro. um sopro; é dança. danço contigo ainda todos os dias. quero dançar contigo o resto da vida mas quero dançar no céu na terra no mar. quero voar. sinto que se ficar aqui vou ser engolida pela terra. não quero ser engolida pela terra. quero deixar-me levar mesmo que doa. antes a dor que o desconhecido. ao menos isto é real. isto eu sei o que é. é a causa. e daqui surgirá o efeito. e recompensa. seja recompensa boa ou má. o meu corpo é um poço cada vez mais fundo. e afundo e afogo-me quando deixo de ver o fundo do fundo do poço que é o meu corpo que tanto espaço tem em que tanto cabe mas em que já não consigo estar. é a lição mais difícil esta: a espera. os meses vão voar. e eu vou voar com os meses. querido outono, sê gentil.

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