quinta-feira, 26 de junho de 2014

da brusquidão



os dias passam bruscos. as palavras saem bruscas. o coração é brusco. sempre pensei que com os anos aprendêssemos a comandar o nosso coração mas ainda me devem faltar mais alguns. sinto que estou quase, quase. as memórias são uma nuvem. os dias dentro dessa nuvem são tão pequenos. já passou o tempo de contar os anos pelos dedos das minhas mãos. a poesia desfaz-se na língua. proclamo a vida todos os segundos e o coração faz-se veloz. será correr demais? correrei demais? já não sinto as pernas tão cansadas. o meu corpo prepara-se para a viagem. já não sou alice, ja não sou a mesma alice. há quem saiba melhor do que eu. e o olhar. o olhar. o olhar. tão vivo. o olhar sempre vivo que às vezes só o quero cerrar. deixar-me um pouco. recolher-me. concha. corpo-concha. e então regressar à caminhada. que poderei saber mais sobre mim. que poderei saber mais sobre o caminho ou sobre as linhas ou sobre os pontos. montanhas. boca. fala. mudez. gaguez. que o medo é só no princípio. e depois: a viagem.

Sem comentários:

Enviar um comentário