quinta-feira, 2 de agosto de 2012

da plataforma


quantos quilómetros andaria de uma ponta à outra da estação de comboio, junto à plataforma, junto à queda, sem parar? quantos segundos do teu dia são a pensar em sorrisos? «o meu mundo é hoje», respondes-te. cantas um refrão por dentro. e por isso danças e friccionas os teus braços no linóleo até queimar e ficar com o corpo colado e magnético. deixas criar as crostas. andas na rua e atrais as pedras e deixas-te atrair pelos prédios e janelas e as pessoas lá dentro. olho cada vez mais para dentro das coisas, desvelando o que está por fora, que é o avesso. quando vou e remexo no lixo com aquele homem que procura algo para comer. o bafo a álcool é exterior-avesso. o cheiro exterior-avesso. as feridas internas é que estão por-fora-por-dentro. aprendo a desistir para me agarrar mais profundamente. acto constante de (re)criação. não ter medo de mandar o previsível à merda. não terminas porque não és um ponto. nem nunca serás.


26 de julho, 2012

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