segunda-feira, 11 de maio de 2015

um, dois, três


ainda tenho nuvens nas pontas dos dedos das mãos. ainda frases que se repetem na minha cabeça. imagens caóticas. pesadelos. encontros e desencontros. equilibrismos. flores nos cabelos. mas o meu corpo é feito de estilhaços. inicio as batalhas. após tantos anos de um jogo de forças. ossos, articulações, veias, órgãos. um, dois, três. ressonâncias. máquinas. que eu sou uma máquina, dizem. e toda a máquina avaria. e: um, dois, três. não me vou deixar vencer e: um, dois, três. com os anos acumulam-se os pesos. tudo pesa. e o desafio é enlevecer. o amor vence. o amor vence. dou as mãos. encosto a cabeça. sorrio como quando há nove anos atrás. e as águias ainda resistem. olho para elas. não há caça que as extermine. não há, não pode haver. e eu estou aqui. ainda estou aqui. e respiro. e sinto a saliva e uma corrente de ar quente a circular por dentro. e o ardor que ainda aqui está. vivo. viva.

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