domingo, 12 de julho de 2015

do céu



As andorinhas também voam em dias de chuva.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

um, dois, três


ainda tenho nuvens nas pontas dos dedos das mãos. ainda frases que se repetem na minha cabeça. imagens caóticas. pesadelos. encontros e desencontros. equilibrismos. flores nos cabelos. mas o meu corpo é feito de estilhaços. inicio as batalhas. após tantos anos de um jogo de forças. ossos, articulações, veias, órgãos. um, dois, três. ressonâncias. máquinas. que eu sou uma máquina, dizem. e toda a máquina avaria. e: um, dois, três. não me vou deixar vencer e: um, dois, três. com os anos acumulam-se os pesos. tudo pesa. e o desafio é enlevecer. o amor vence. o amor vence. dou as mãos. encosto a cabeça. sorrio como quando há nove anos atrás. e as águias ainda resistem. olho para elas. não há caça que as extermine. não há, não pode haver. e eu estou aqui. ainda estou aqui. e respiro. e sinto a saliva e uma corrente de ar quente a circular por dentro. e o ardor que ainda aqui está. vivo. viva.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

quantas vezes já o mencionei?



Lição número 1, sobre a solidão: 
tudo reside no silêncio.
Lição número 2, sobre o medo: 
podes sempre espreitar por debaixo da cama.
Lição número 3, sobre o corpo: 
arde.
Lição número 4, sobre o amor: 
.
.
.

tudo é mutável. até as tuas mãos.



para já:
ardo e ardo e ardo e ardo
este ardor por baixo da barriga
do lado direito
quase na dobra da perna



e por dentro
a vida a querer surgir
a surgir vida




Lição Última:
Enquanto estiver viva, estou viva.
Quando a morte chegar, chegou.
No entretanto: ardes e ardes e ardes e aprendes a lidar com a dor.