domingo, 22 de maio de 2011

uma palavra que acorda: mãe.

terça-feira, 17 de maio de 2011


ontem na minha rua, um senhor refilava por de manhã ter falado contra o vento e por causa disso ter ficado sem voz. um jovem corria para uma senhora com um ramo de flores. na esquina uma senhora que me sorria. um outro homem, perto dela, rasgava um papelinho em mil pedaços e deitou-o no lixo. começou a chover.

do corpo


as nuvens pousam sobre lentos véus de corpos pesados como rochedos. há uma pausa no tempo quando se atravessa aquele vale e nos deixamos cegar pelo vento arenoso daquela paisagem. abrir os braços é a chave para abraçar e atravessar o vale. há paredes nesses corpos que parecem rochas que nos querem fazer crer numa instransponibilidade dos corpos. há pequenas grutas que são portas para esses corpos. há pequenos golpes de vento que são beijos nas nossas mãos. não são os longos lençóis a impedirem que o corpo dance. pois são as nuvens que pousam sobre os lentos véus desses corpos pesados como rochedos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

das várias páginas

Como pano de fundo para uma história de auto-descoberta
Da narrativa em estilhaços e de temporalidade
Como usar as listas
Percebe-se que estão a calçar os sapatos errados
A aventura de aprender visitas, oficinas, concertos, cursos
As mulheres gostam de pornografia
Ouvir os discos, ler as letras, ver os filmes
Chegadas e partidas
Onde jaz o teu sorriso
Senhor de uma voz teimosamente independente
Um impressionante livro acompanha agora esse movimento
Mapa informal
A cidade que temos é a cidade que fazemos
Chá vintage em Sintra
Adivinhamos com antecedência as surpresas que ele nos quer fazer
Quem aqui chega não se coíbe de soltar um  "finalmente  " . Com tanta coisa boa a acontecer e outras tantas na manga.
Por vezes em forma de exaltação quase amorosa, outras reflexiva racional e interrogadora, outras alinhando repetições e referências como sinais para uma interpretação, ou preferindo encontrar relações com a realidade como caminho a desbravar.
Para que não fique em casa.


da apropriação das palavras.

domingo, 1 de maio de 2011

dos últimos dias

tenho histórias guardadas numa tela. sonhos disfarçados, sorrisos amados. tenho um gato que precisa de mim mas eu mais dele. tenho a memória da frase dela: «é o pulmão do meu irmão» depois de desenhar três breves círculos com pormenores por dentro.  tenho confissões escritas num caderno, que não são as minhas. regressei ao azul com o corpo todo. mergulhei na ternura de outras pessoas. respirei fundo tantas vezes. recebi amor trazido do outro lado do mundo. tenho sentido o cansaço a acumular-se. a dor de cabeça. mas... ontem vi uma coruja, estava no ramo mais baixo da árvore, mesmo à beira do caminho. Tinha o pêlo muito castanho claro, quase cinzento os seus olhos semi-cerrados olharam directamente nos meus - tenho a certeza porque ela seguiu-me com a cabeça. tenho tropeçado menos nas pedras. tenho questionado mais. tenho tido menos medo.