sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

da Pena


as asas verdes misturavam-se com o verde das folhas do carvalho. o nevoeiro estava espesso e o ar que lhe saía da boca misturava-se com a neblina do ar. impossível esconder o olhar de admiração perante aquele pássaro refilão e atrevido. sorri para ele, claro. as árvores conversavam umas com as outras através do vento. as nuvens estavam por cima de tudo, uma mancha negra e pesada com um ar ameaçador e que me lembrava algo como o fim do mundo. não passava eu de mais uma silhueta na colina. o casado preto comprido. as botas que me protegem dos pés até às canelas. os cabelos ruivos que parecem sempre provocar a luz. o gorro azul para tentar disfarçar tudo o resto. os raios começaram. um relâmpago depois do outro. e a chuva torrencial. ali, naquele monte, deixei o vento afagar-me o pescoço, deixei a chuva molhar-me as bochechas e deixei que os relâmpagos se colassem aos cabelos. o chão tremia debaixo dos meus pés. os pequenos seres da floresta, não duendes, mas rãs, fugiram. fiquei a olhar para uma e pensei: que graciosa. deixei de ver o verde. e o pássaro verde. o nevoeiro engoliu a paisagem e engoliu-me a mim. e a rã tirou-me a fala e depois percebi por que é aquele palácio mágico. se fosse de noite, de certeza que me tinha metamorfoseado. de preferência também eu numa rã. que graciosa, pensei.

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