terça-feira, 29 de junho de 2010

desert flower (2009)


«Female Genital Mutilation happens primarily in Africa, in particular in North-Eastern, Eastern and Western Africa. However, it also takes place in the Middle East, in South-East Asia - and also among immigrants in Europe. According to estimates by the World Health Organisation (WHO) 150 millions women are world-wide affected by it. In Europe, the number of mutilated women or girls and women threatened by FGM amounts up to 500,000.»


Uma voz pode fazer toda a diferença. 


sexta-feira, 25 de junho de 2010


Emile Friant (1863 - 1932) The Lovers
É no toque do dó que o meu coração estremece.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

às palavras


As palavras impostas:
Rebento-as.

As palavras quentes:
Acelero-as.

As palavras sofridas:
Mastigo-as.

As palavras sentidas:

.


emudecerei.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Yves Brayer, Le Reflet (1973)

porque me tremem as mãos

Seis e meia da tarde, consigo finalmente sair do ar condicionado: na rua, cheira a verão, no meu prédio, cheira a poeira.

Ao cortar o pão espetei a faca no pulso. Nas paredes do braço ficou cravado um pequeníssimo buraco, nas paredes da cozinha ficou gravado um delicadíssimo grito.

domingo, 20 de junho de 2010

Daqui a uns dias, quando a calmaria se instalar, deitar-me-ei na terra a pensar e a correr na minha cabeça  campos abaixo e acima, na esperança de o ver abraçado a alguma árvore. 
 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nas casas baixas vivem homens e mulheres, sozinhos e sozinhas, que acordam antes do dia. As mãos são mais pequenas, queimadas e rijas. A pele é muito rija e áspera e magoam quando tocam na cara. Por isso, escolhem não lavar a cara. A pele é muito espessa e rija. - Por que é que ela não tem um olho, mãe? - Foi o irmão, espetou-lhe um garfo no olho. Nunca mais brinquei com garfos, e durante dias só comi com a colher. As pedras foi o meu avô quem as lá pôs, no chão, são grandes e magoam quando as pernas fraquejam. Mas as pernas dobradas do meu avô sofreram mais que as minhas pernas quando fraquejam e caiem dobradas nas pedras. O meu coração também fraqueja, mas o coração do meu avô fraquejou mais, quando o dia chegou ao fim. Quando os meus pés sentem as pedras quentes e os meus cabelos se colam ao pescoço suado e as minhas mãos ficam rijas como a terra e como as alfaces rijas e cheiro as camisas que já ninguém veste, no armário mais antigo lá de casa e corro eira abaixo com medo dos uivos – eu sei, que aqui o coração importa.

segunda-feira, 14 de junho de 2010


do filme: becoming jane

nunca pensei que a jane austen me dissesse tanto. por trás do belo reside uma amargura profunda. 
foi a literatura que lhe aliviou o peso do amor que teve que guardar. e também com ela sobreviveu aos golpes de injustiça da sociedade, apenas recorrendo à sua prodigiosa imaginação.

ao mundo, ainda lhe falta muita literatura.

"Death Penalty"



Um fabuloso vídeo.
Tenho cada vez mais forças para continuar a lutar pela defesa dos direitos humanos.

domingo, 13 de junho de 2010


James Abbott McNeill Whistler (1834-1903), Reading by lamplight
o optimismo vem chegando, apesar da desorganização.

espero amanhecer em palavras.

quarta-feira, 9 de junho de 2010



Coração fraco/coração acelerado.
Acelerado/Fraco/Acelerado.
Já não conheço batimentos normais.
Para fora sai quase tudo,
pelos olhos, pela boca e pelo nariz.
Hoje o coração também quer sair.

Os órgãos em discussão com o cérebro.
O cérebro em discussão com os órgãos.
As peças desencontradas.
Em absoluto: fora do lugar.

Deixei de pertencer.

Perdi o mapa pelo caminho
a bússola de nada me serve.

mas sei
que no próximo cruzamento
vou tentar virar à direita
e enterrar o pessimismo longe das raízes das árvores.

tenho que me prometer.

quarta-feira, 2 de junho de 2010


Penso em Gaza, penso no olhar de uma criança chamada Amal, penso nos activistas que morreram, penso em Amos Oz, penso no Vanunu, penso na paz, penso na guerra, penso nos direitos humanos, penso em agir, penso em fugir, penso em agir. Penso.
 

Estradas Portuguesas: o retrato da falta de civismo dos portugueses.
OU
Como um condutor quase me atropela numa passadeira e ainda resmunga.

No último mês são umas atrás das outras. É só de mim ou estamos cada vez piores?