As magnólias já estão em flor. Duram tão pouco tempo, as magnólias. E na sua fragilidade decidem despertar quase sempre em dias de chuva e vento. Hoje falámos do tempo. Não da chuva, mas da velocidade. O tema é recorrente, surge tantas e tantas vezes. E depois pensei que também as palavras são velozes e é necessário fazê-las parar. Assim, registá-las. Deixá-las sair, mas não as deixar fugir. E vim para aqui. E é tudo muito simples. Estava no alto da montanha, nos penhascos, a ver os grifos voarem. E eu estava a vê-los de cima. E é belo, sim. Nós por cima dos pássaros. Dos grifos. Envergadura média de 2,45m. Dá vontade de ficar agarrada aos binóculos durante horas a vê-los planar. Posso só ficar ali, mais um bocadinho? Por que tão poucas vezes paramos para contemplar? Demoro o olhar. Em ti, nos pássaros, nos penhascos. Sabe a muito pouco. Prometi a mim mesma que pararia de falar do meu coração. Tem rasgos. Abrem-se buracos. Palpitações. E poderia ser tão diferente, tudo tão mais calmo, pueril. Li na capa de uma revista, na montra do jornal, na rua pedonal: "porque é que as pessoas são más?" Era uma actriz que sei estar a sofrer com um cancro, não sei mais. E senti-me comovida e próxima. É exactamente isso que me pergunto, quase todos os dias. Porquê, então? E as guerras pioram dia-a-dia. E as lágrimas já estão quase secas. Hoje faço um pouco mais do que fazia há uns meses atrás. O medo é diferente, quase inexistente. Acredito agora que tudo rodeia muito mais em torno da maldade, do ódio. Ó mundo: pára um pouco que eu quero sair. gosto tanto de ti. porque dóis? entretanto, sejamos firmes, tu e eu. Estarei em ti até ao fim. Peço-te apenas, por favor, com menos maldade, pode ser?