sábado, 4 de junho de 2011

escaravelhos


o céu a corar e um escaravelho grande preto e robusto está no chão deitado de costas enquanto esperneia. não desiste. aprende a nadar de costas sobre a terra. as patas a espernear. a terra é seca e feita de pedrinhas e ele não sai do mesmo sítio. um outro escaravelho está ao meu lado, de pernas para o ar, cansado de espernear. o que vos faz ficar assim? o calor? utilizo um pau que estava ao meu alcance para o endireitar. uma pata mexeu-se muito levemente. inclinei-o mas ele recusou-se e voltou a deitar-se de costas. insisti com ele e voltei-o direito a segurar-se num raminho com pequenas folhas verdes. o outro escaravelho conseguiu sozinho subir novamente à árvore de onde caiu. e eu, num vestido vermelho, escondida por detrás da árvore, sentada numa cadeira, a pentear os cabelos ruivos, observo: sossegada: o diálogo da natureza.

eu e os escaravelhos já temos hora marcada.

1 comentário: