aqui está ele...
sexta-feira, 17 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
escaravelhos
o céu a corar e um escaravelho grande preto e robusto está no chão deitado de costas enquanto esperneia. não desiste. aprende a nadar de costas sobre a terra. as patas a espernear. a terra é seca e feita de pedrinhas e ele não sai do mesmo sítio. um outro escaravelho está ao meu lado, de pernas para o ar, cansado de espernear. o que vos faz ficar assim? o calor? utilizo um pau que estava ao meu alcance para o endireitar. uma pata mexeu-se muito levemente. inclinei-o mas ele recusou-se e voltou a deitar-se de costas. insisti com ele e voltei-o direito a segurar-se num raminho com pequenas folhas verdes. o outro escaravelho conseguiu sozinho subir novamente à árvore de onde caiu. e eu, num vestido vermelho, escondida por detrás da árvore, sentada numa cadeira, a pentear os cabelos ruivos, observo: sossegada: o diálogo da natureza.
eu e os escaravelhos já temos hora marcada.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
é o que dá folhear cadernos antigos. um texto de 2006:
Se te ardem os olhos deixa-os arder. Pode ser que sintas algo parecido com fogo a pairar no teu fundo azul. Certifica-te primeiro de que és forte o suficiente para aguentar e só depois apaga-o chorando. Chora e fecha-os durante o tempo que precisares. Se dizem que os olhos também falam, de certeza que também eles devem ter os seus silêncios. Com as pálpebras cerradas, ficam pálpebras caladas. E do teu silêncio não tens de sentir medo.
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