quarta-feira, 2 de agosto de 2017

do piano



quando sentimos que a vida acaba mas o coração ainda bate, há sempre um batimento que nos leva a recomeçar. depois da sensação de ser engolida pela terra, há sempre uma mudança no peso, a leveza dentro da caixa pesada. percebo que as notas do piano me arrastam para um canto da terra. e que já não sou a pianista de mim e que há algo mais que me toca. como aquela flor que encerra as pétalas pelo frio e as reabre com o toque do sol. e no caminho há quente e frio, há inverno e primavera, há noite e dia. não quero manter as pétalas fechadas durante demasiado tempo e não sei se aguarde os raios de sol ou se teme as raízes. antes a terra engolisse também a mágoa e já não tivesse mágoa a que agarrar. para ser mais generosa, e agradecer. 

até o melhor pianista do mundo se engana.