o coração nos pés,
os órgãos fora de sítio, sabes?
ela respondeu que sim.

o mundo todo gira ao contrário
rodopiamos de vez em quando
só para trocar as voltas

se voltar costas desequilibro-me.

ela disse:
não contes tudo. nunca contes tudo.


no futuro,
quero aprender equilibrismo.

quando há um rio que atravessa o nosso corpo
e o nosso corpo é um barco atracado
e o mar puxa-nos para dentro dele
ficamos confusos na luta.

quando as palavras atravessam o nosso corpo
e o nosso corpo é a palavra
que nos puxa para dentro dela
ficamos confusos na fuga.

hoje estou assim:

escrever e apagar, lembrar e esquecer
lembrar e esquecer, escrever e apagar

que há um rio. e há uma ternura. e há um calor. e há um muro.
que há um sentir.
que há um olhar que é o meu e não me deixa mentir.

Próxima etapa: adicionar uma descrição, talvez?

Sim, por favor.

tenho dedos cravados no coração,
alguém que o apertou.

a cabeça num rodopio imenso
palavras que me assaltam,

os sonhos em inglês
os gestos num avião